Histórico da Linha de Pesquisa “Psicanálise, políticas públicas e direitos humanos”

Projetos de Pesquisa e Extensão:

 

  1. Pesquisa: As fronteiras entre a Psicologia e o Serviço Social no SUAS: sentidos atribuídos pelas(os) assistentes sociais ao trabalho da psicologia no serviço PAEFI (PIBIC 2017- 2019)

 

Equipe: 

Marcela de Andrade Gomes

Professora do Departamento de Psicologia da UFSC

Laís Chaud

Acadêmica do Curso de Psicologia da UFSC

Bruna Larissa Kluge

Acadêmica do Curso de Psicologia da UFSC

Patrícia Engler

Acadêmica do Curso de Psicologia da UFSC

 

Resumo: Desde a aprovação da Política Nacional de Assistência Social (PNAS) e a implementação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), em 2005, intensifica a inserção da psicologia nesta política pública que, historicamente, foi planejada e protagonizada pelos profissionais do Serviço Social. Alguns estudos e práticas de estágio têm apontado que o trabalho multiprofissional pode tanto ser um fator qualificador da atuação junto às famílias em situação de violência, mas também, quando não se tem muita precisão sobre os objetivos e fronteiras de cada profissão, pode gerar alguns atravessamentos e confusões que prejudicam o acompanhamento destinado a estes usuários(as). O chamado “atendimento psicossocial” previsto na PNAS tem gerado inúmeros questionamentos no universo acadêmico e, principalmente, nos próprios equipamentos, tal como o serviço PAEFI (Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos). Este espaço é um órgão público vinculado ao CREAS (Centro de Referência Especial em Assistência Social) que recebe as denúncias dos Conselhos Tutelares relativas às práticas de violência contra crianças e adolescentes. Diante destes impasses epistemológicos e técnicos, esta pesquisa tem como objetivo investigar de que forma os profissionais da Psicologia e do  Serviço Social atuantes nos PAEFIs da Grande Florianópolis significam a atuação profissional neste serviço. Por meio do uso de entrevistas individuais e grupos focais, esta pesquisa investigou as narrativas produzidas por estas equipes acerca do cotidiano de trabalho; limites e desafios das práticas; efeitos e resultados alcançados nos casos acompanhados; relação interdisciplinar e multiprofissional; visitas domiciliares; violência; família; infância e adolescência. A pesquisa está em fase de conclusão e os dados estão sendo categorizados e analisados por meio das teorias. 

Palavras chaves: SUAS; Psicologia; Serviço Social.

 

Publicações: 

Gomes, M.A; Chaud, L; Kluge, B. L. A atuação das/os psicólogas/os no serviço PAEFI na região da grande Florianópolis (SC). Trabalho apresentado no XIX Encontro Nacional da ABRAPSO 2017. 

 

Gomes, M. A., Chaud, L. P. & Kluge, B. L. (2019). A atuação das psicólogas no serviço PAEFI (Programa de Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos) na região da Grande Florianópolis (SC). In: Soares, L. C. E. C.; Moreira, L. E Psicologia Social Jurídica na trama do(s) Direito(s). São Paulo: Cortez.

 

  1. Fronteiras tênues: o Greenpeace Brasil, as ONGs e os Movimentos Sociais. (2017 a 2019)

 

Equipe: Dra. Marcela de Andrade Gomes 

Professora do Departamento de Psicologia da UFSC

Pós-Dra. Leandra Gonçalves Torres 

Pesquisadora do Instituto de Oceanografia da USP-SP

Dr. Pedro Henrique Campello Torres 

Pós Doutorando no Instituto de Energia e Ambiente da USP-SP

Bruna Larissa Kluge 

Acadêmica do Curso de Psicologia da UFSC

 

Resumo: O tema dos movimentos sociais e atuação das organizações do terceiro setor continuam presentes e com força no debate acadêmico, sobretudo pelo caráter mutante e renovador que é da própria essência dessa esfera política. Com o alardeamento cada vez mais intenso das problemáticas ambientais na contemporaneidade, surgem, por outro lado, grupos organizados que buscam lutar contra essas mazelas. Uma das principais organizações que se autoproclama em defesa do meio ambiente, surgida ainda na década de 1970, no Brasil a partir da ECO-92, o Greenpeace é uma Organização Não Governamental que pode ter sua atuação percebida tanto como um Movimento Social ou como uma organização. Diferente de outras grandes ONGs ambientais, o Greenpeace possui características distintas de uma organização do terceiro setor em sua definição teórica, aproximando-se, em alguns momentos, do formato de um movimento social. Nesta seara, o presente trabalho busca problematizar a fina e híbrida fronteira que define o Greenpeace tanto como um espaço de lutas políticas ambientais, bem como um espaço institucional do terceiro setor. Por meio da revisão bibliográfica clássica e contemporânea sobre ONGs e Movimento Sociais e da aplicação de um questionário semi-aberto  com atores chaves (integrantes e ex-integrantes da organização), buscamos analisar como estes sujeitos percebem – e se percebem – na demarcação dessa fronteira. A partir da análise qualitativa deste material coletado, notou-se a presença de percepções nebulosas para localizar, socialmente e politicamente, o Greenpeace Brasil e sua atuação no país. Na medida em que politizam o universo natural, os movimentos ambientalistas redimensionam a noção de público e político, dialetizando as relações entre a natureza e as questões macrossociais. Configuram-se como importante atores políticos na medida em que se configuram como dispositivos fissuradores da lógica capitalista-consumista-individualista, fazendo resistência à forma opressora e mercadológica que o neoliberalismo impõe às questões ambientais. Enquanto importantes espaços de produção de empoderamento da sociedade civil, os movimentos sociais e ONGs, tal como o Greenpeace, contribuem com o fortalecimento da democracia participativa, fazendo resistência ao sistema neoliberal e suas inerentes desigualdades e injustiças sociais. A pesquisa está em fase final de análise de dados. 

Palavras-Chave: política; movimentos sociais; ONGs; Greenpeace

 

Publicações: 

 

Kluge, B.L; Gomes, M.A; Torres, P.H; Torres, L.G. Fronteiras tênues: o Greenpeace Brasil, as ONGs e os movimentos sociais. Trabalho apresentado no XIX Encontro Nacional da ABRAPSO 2017. 

 

Torres, P.H; Torres, L.G; Gomes, M.A; Kluge, B.L. Smoky Boundaries: Greenpeace Brazil, NGOs and the Social Movements. Trabalho apresentado no XIX International Sociological Association, 2018. 

 

Torres, P.H; Torres, L.G; Gomes, M.A; Kluge, B.L. Greenpeace Brasil: ONGs, movimentos social e uma forma social diferente. Trabalho apresentado no 19 Congresso Brasileiro de Sociologia, 2019. 

 

  1. Projeto de Extensão: Psicologia e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana: aproximações e possibilidades de intervenção junto ao território de abrangência do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS/Centro) do município de Florianópolis/SC. (PROBOLSAS 2016-2018)

 

Equipe: Dra. Marcela de Andrade Gomes 

Professora do Departamento de Psicologia da UFSC

Lívia Maria Fontana

Psicóloga do CRAS-Centro 

Tatiana Rozenfeld

Acadêmica do Curso de Psicologia da UFSC

Priscila Costa

Acadêmica do Curso de Psicologia da UFSC

 

Resumo: Este projeto de extensão teve como objetivo elaborar ações interventivas junto às Comunidades Tradicionais de Matriz Africana (CTMAs) presentes no território de abrangência do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), localizado no centro da cidade de Florianópolis/SC, de modo a aproximar estes grupos aos serviços prestados por este equipamento da Proteção Básica (SUAS). A partir de uma prática de estágio realizada por estudantes do Curso de Psicologia em 2015, notou-se um distanciamento entre o CRAS/Centro e estas comunidades que ocupam de forma significativa o território de abrangência deste serviço, o qual é ocupado por quase 50 mil habitantes. A invisibilização destas comunidades é um dado histórico do cenário brasileiro, pois, como aponta o Plano Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana (SEPPIR, 2013), há uma ausência de levantamentos e dados oficiais sobre essa parcela da população brasileira em nível federal, resultado de um processo histórico de estigmatização e exclusão da cultura africana. Essa invisibilização contribui para o não atendimento pelas políticas públicas a essa população, favorecendo a perpetuação dos processos de exclusão, segregação e violação dos direitos humanos destes grupos sociais. Dessa forma, por meio deste projeto de extensão objetivamos mapear, conhecer e integrar as CTMAs junto ao CRAS/Centro de forma a qualificar a prestação socioassistencial deste serviço público. Ainda, visamos construir dados e subsídios que possam servir para a construção de futuras políticas públicas e programas sociais destinados a esta população brasileira, de modo a contribuir na luta pela garantia de direitos da população afrodescendente e pela redução das relações étnicas e raciais na sociedade brasileira. A inserção no espaço comunitário foi norteada pelo uso da observação participante e de entrevistas abertas junto à população local e demais instituições vinculadas às CTMAs para levantarmos as necessidades, demandas e potencialidades, singulares e coletivas, existentes neste espaço. Após a elaboração de um diagnóstico social, econômico e cultural, intervenções psicossociais de modo a ampliar a visibilidade e reconhecimento desta população, ampliando o acesso aos benefícios, programas e direitos socioassistenciais, contribuindo com melhorias nas condições de vida destas comunidades, e com a redução das múltiplas formas de vulnerabilidades e violação de direitos, e os sofrimentos consequentes destas condições de vida. 

Palavras-Chave: terreiros; CRAS; afrocentricidade. 

 

Publicações: 

Gomes, M.A; Rozenfeld, T. Comunidades Tradicionais de Matriz Africana: os terreiros como lugar de pertença, acolhimento e resistência política. Trabalho apresentado no IX Simpósio Brasileiro de Psicologia Política, 2016.

 

Gomes, M.A. CRAS e intervenção psicopolítica: os terreiros como lugar de pertença, acolhimento e resistência política. Artigo aceito para publicação na Revista de Psicologia Política, 2019. 

 

  1. Projeto de Extensão: Grupo de Apoio Psicossocial aos estudantes de Medicina (2016-2018)

 

Equipe: Dra. Marcela de Andrade Gomes 

Professora do Departamento de Psicologia da UFSC

Amanda Pertile

Acadêmica do Curso de Psicologia da UFSC

Rômulo Lubenow Delavy

Acadêmico do Curso de Psicologia da UFSC

Letícia Santos

Acadêmica do Curso de Psicologia da UFSC

 

Resumo: Diversos estudos apontam para uma estreita relação entre adoecimento psíquico e a vida universitária, especialmente, nos cursos de medicina que apresenta uma configuração pedagógica, histórica e simbólica bastante peculiar. Esta peculiaridade veio ser questionada por um grupo de alunos que se organizam em torno de um coletivo político que busca fissurar a lógica capitalista e individualista que invade, cotidianamente, suas vidas universitárias. Nesse sentido, o presente trabalho resulta da execução de um projeto de extensão que teve início em agosto de 2016, quando o coletivo Humaniza Medicina procurou a Pró-Reitoria de Apoio Estudantil da Universidade Federal de Santa Catarina (PRAE) demandando um apoio psicológico por vivenciarem, cotidianamente, diversas situações de violações, estresse e desrespeitos nas relações aluno-aluno e aluno-professor, geradoras de sofrimento psíquico. As demandas giravam em torno de questões como: o estresse do cotidiano acadêmico, o volume de atividades, o nível de exigência dos professores e alunos, situações de humilhação e autoritarismo por parte dos professores, relações desrespeitosas e violadoras por parte dos colegas, uso abusivo de álcool e outras drogas, apatia, desânimo e depressão, tentativa de suicídio, entre outras situações de sofrimento.  Diante deste cenário de vulnerabilidades subjetivas, a PRAE, juntamente com o grupo de pesquisa “Psicanálise, Políticas Públicas e Direitos Humanos”, sugeriram um grupo de apoio psicossocial a estes estudantes, com o intuito de inscrever um espaço de escuta e acolhimento destas situações, de modo com que os alunos conseguissem não apenas expressar, mas também elaborar e ressignificar estas vivências. Além de se configurar como um espaço onde afetos e experiências são trocadas e elaboradas, este grupo também possui uma função politizadora na medida em que traz para os encontros alguns temas e debates que venham problematizar e desnaturalizar as relações de opressão e assujeitamento inerentes aos avanços do neoliberalismo. O grupo ocorria uma vez por semana e era coordenado por três estudantes do curso de Psicologia que recebem orientação semanal da professora coordenadora do projeto. A equipe optou pelo dispositivo grupal enquanto ferramenta de trabalho, pois aposta na ideia de que o grupo fornece um lugar de apoio, afeto, trocas, aprendizagens e identificações que podem potencializar o sujeito a construir estratégias de enfrentamento frente às situações de vulnerabilidades, conseguindo criar novas formas de se relacionar consigo mesmo e com o outro. 

Palavras-Chave: grupo; apoio psicossocial; estudantes. 

 

Pertile, A; Gomes, M.A; Delavy, R; Souza, G. Resistências faces à mercantilização e desumanização da formação acadêmica universitária: relato de experiência sobre um grupo de apoio psicossocial destinado aos/às estudantes do Curso de Medicina. Trabalho apresentado no XIX Encontro Nacional da ABRAPSO, 2017. 

 

Gomes, M.A. Saúde Mental e vida universitária. Palestra proferida na IV Semana Acadêmica de Medicina da UFSC, 2018. 

 

Gomes, M.A. Saúde Mental e vida universitária. PodCast realizado pela Imprensa da UFSC. Disponível em https://noticias.ufsc.br/tags/saude-mental-na-universidade/.

 

  1. Projeto de Extensão: Como lidar com os efeitos psicossociais da violência?  (2016 a 2018)

 

Equipe: Dra. Marcela de Andrade Gomes 

Professora do Departamento de Psicologia da UFSC

Dario de Negreiros

Psicólogo/Consultor do Centro de Estudos em Reparação Psíquica

Daniela Sevegnani Mayorca

Psicóloga/Psicanalista

Valésia Maria Favaretto

Psicóloga

Tomás Tancredi

Acadêmico do Curso de Psicologia

Ana Sofia Guerra 

Acadêmica do Curso de Psicologia

Vitória Nathalia do Nascimento

Acadêmica do Curso de Psicologia

Maria Luiza Lopedote

Acadêmica do Curso de Direito

Bruna Corrêa

Acadêmica do Curso de Psicologia (Faculdade CESUSC)

Alessandra Corrêa

Acadêmica do Curso de Psicologia (Faculdade CESUSC)

 

Resumo: Este projeto, iniciado em agosto de 2016, tem como objetivo realizar um curso de capacitação voltado para o tema das múltiplas formas de violências vivenciadas na sociedade, em especial, a violência perpetrada pelo Estado. O curso é destinado a profissionais que atuam na rede pública e que lidam cotidianamente com os efeitos e desdobramentos causados pelas situações de violências. O primeiro módulo do curso, intitulado “Como lidar com os efeitos psicossociais da violência?”, contou com 90 alunos(as) que são profissionais atuantes nas áreas da saúde, assistência social, educação, segurança pública e sistema jurídico. O curso será composto por 3 módulos, sendo que cada um deles tem a duração de um semestre. No ano de 2017, período ao qual se refere o edital PROBOLSAS/2017, realizaremos os módulos 2 e 3 deste curso. O curso é realizado pelo Instituto APPOA (Associação Psicanalítica de Porto Alegre), no âmbito do Projeto Clínicas do Testemunho, da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça. Financiado pelo Fundo Newton, órgão do Conselho Britânico, possui ainda as parcerias da Escola de Saúde Pública de Santa Catarina, da UFSC – por meio do grupo “Psicologia, Direitos Humanos e Políticas Públicas”, vinculado ao departamento de Psicologia, e da ONG britânica ICHHR (International Centre for Health and Human Rights). A metodologia do curso é inspirada na concepção de grupo operativo de Pichon-Rivière, a qual compreende o grupo como ativo e protagonista na resolução de suas próprias tarefas. Desse modo, após cada aula expositiva, a turma é dividida em pequenos grupos nos quais irá, por meio da mediação de um coordenador, debater os conceitos teóricos atrelando-os às experiências profissionais cotidianas. Nossa proposta é criar um espaço de debate e interlocução entre estes profissionais, de modo a instrumentalizá-los para lidarem com a complexidade e ambivalência que compõem as diversas situações de violências. Apostamos que por meio destas trocas de saberes e fazeres, estamos criando um dispositivo clínico e político capaz de aprimorar e qualificar a atuação destes profissionais nas diversas políticas públicas, favorecendo e catalisando a luta pela garantia e proteção dos Direitos Humanos. 

Palavras-Chave: violência; Estado; políticas públicas. 

 

Publicações:

Correa, B; Gomes, M.A; Negreiros, D. ‘Como lidar com os efeitos psicossociais da violência?’: relatos sobre um curso de capacitação profissional para trabalhadoras(es) das políticas públicas. Trabalho apresentado no III Congresso Catarinense de Psicologia: Ciência e Profissão, 2018.

 

Gomes, M. A; Lima, A; Guerra, Ana. S; Corrêa, B; Nascimento, V.N; Favaretto,V. (2019). Como lidar com os efeitos psicossociais da violência? O curso de capacitação como um dispositivo clínico e político. In: Lopedote, M.L; Mayorca, D.S; Negreiros, D; Gomes, M.A; Tancredi, T. (Orgs.), Como lidar com os efeitos psicossociais da violência? (p.54-68). São Paulo: Elefante. 

 

  1. Projeto de Extensão: Violência de Estado e Testemunho: um grupo de apoio psicológico aos policiais militares do município de Florianópolis. (2017-2019). 

 

Equipe:

Marcela de Andrade Gomes

Professora do Departamento de Psicologia da UFSC

Májori Abreu dos Santos Garcia

Cabo PM Psicóloga da Polícia Militar

 

Resumo: 

A partir dos positivos resultados da experiência do semestre passado, decidimos dar continuidade ao grupo de apoio psicossocial aos policiais militares de uma instituição localizada na Grande Florianópolis. Embora a aspereza e truculência da instituição policial deslegitimar o trabalho do psicólogo, atrelando este à doença, loucura e fraqueza, tivemos procuras significativas por parte de alguns policiais que viam no grupo uma possibilidade para falarem sobre suas angústias, cansaços, revoltas e medos. Sendo assim, neste semestre retomamos este espaço grupal na aposta de que o coletivo potencializa novas narrativas, significações e amplitudes para a vida dos sujeitos. A partir destes encontros semanais, esperamos enseja melhor condições psicossociais para este contexto de trabalho, inscrevendo espaços humanizantes e acolhedores em uma instituição historicamente marcada pela rigidez, tirania e violência.

Palavras-chave: violência de Estado; testemunho; grupo. 

 

  1. Projeto de Extensão: Escuta coração da Chico: Intervenções psicossociais na comunidade Chico Mendes (2017- em andamento)

Equipe: Dra. Marcela de Andrade Gomes 

Professora do Departamento de Psicologia da UFSC

Dr. André Luiz Strappazzon

Professor do Departamento de Psicologia da UFSC

Ana Karolina Dias de Oliveira

Psicóloga do Instituto Geração da Chico

Laís Chaud

Acadêmica do Curso de Psicologia da UFSC

 

Resumo: A partir do curso de capacitação “Como lidar com os efeitos psicossociais da violência?”, destinado às profissionais que atuam nas políticas públicas e sociais, a psicóloga do Instituto Geração da Chico procurou o Núcleo de Psicologia, Políticas Públicas e Direitos Humanos para estabelecer uma parceria de trabalho neste espaço que se localiza em um território de alta vulnerabilidade social, a comunidade Chico Mendes. Após algumas reuniões, delineou-se algumas frentes de trabalho focadas nas crianças e adolescente que frequentam este projeto, de modo a promover um espaço de escuta, apoio e reflexão para suas experiências e seus projetos de vida. Neste contexto, 2 alunos candidataram-se para serem voluntários do projeto e iniciou-se uma parceria de trabalho entre a orientadora acadêmica, psicóloga local e 2 alunos do Curso de Psicologia. Assim, este projeto nasce com o objetivo de realizar um trabalho psicossocial junto às crianças e adolescentes que frequentam o Instituto Geração da Chico, buscando promover saúde e cidadania para estas pessoas e território. Por meio de intervenções psicossociais, singulares e coletivas, institucionais e comunitárias, busca-se promover um espaço de escuta e acolhimento que proporcionem o protagonismo social e fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. De acordo com a perspectiva psicanalítica, a infância e a adolescência são fases peculiares na constituição do sujeito que carecem de um amparo psíquico e social de modo a possibilitar condições para a efetivação de um desenvolvimento saudável. Nos casos das infâncias e juventudes que se produzem nos territórios marcados pelas vulnerabilidades sociais, este processo torna-se ainda mais complexo, pois a violação de direitos e o desamparo psíquico tornam-se, em geral, bastante presentes nas dinâmicas familiares e comunitárias. Nesse sentido, este projeto busca oferecer espaços que promovam tanto um acolhimento psicossocial, como também um locus de politização das questões sociais. A partir da inscrição de espaços de falas, escutas e reflexões, este trabalho atua no sentido da promoção da saúde  e cidadania, operando como um dispositivo clínico e político neste território. 

Palavras-Chave: intervenção psicossocial; dispositivo clínico-político; comunidade. 

 

Publicações: 

Gomes, M.A; Strappazzon, A.L; Chaud, L; Oliveira, A.K; Karan, N. Escuta Coração da Chico: o trabalho psicossocial junto às crianças e adolescentes em uma comunidade. Trabalho apresentado no II Seminário Internacional da ULAPSI, Recife (PE), FAFICH, 2019. 

 

Belo, L.M., Oliveira, A.K.D; Gomes, M.A. Strappazzon, A.L; Chaud, L.P; Reis, A.P; Mattos, L.S; Karan,N.P. “Escuta coração da Chico”: o uso de oficinas estéticas junto às crianças frequentadoras do Instituto Geração da Chico- Florianópolis (SC). Trabalho apresentado no XX Encontro Nacional da ABRAPSO: A psicologia social frente aos autoritarismos, polarização social e crise sistêmica do capitalismo, São Paulo, PUC, 2019. 

Espindola,L; Oliveira, A.K.D; Gomes, M.A. Strappazzon, A.L; Chaud, L.P; Reis, A.P; Mattos, L.S; Karan,N.P. “Desafios à proteção da criança e do adolescente em situações sociais críticas: uma experiência de estágio em Psicologia e Ações Comunitárias.” Trabalho apresentado no XII Congresso Brasileiro de Psicologia do Desenvolvimento, Florianópolis (SC), UFSC, 2019. 

 

  1. Projeto de Extensão: A criação de um dispositivo clínico-político no programa Liberdade Assistida em São José (SC)- (2018-2019)

Equipe: Dra. Marcela de Andrade Gomes 

Professora do Departamento de Psicologia da UFSC

Daniela Mayorca

Psicóloga/Psicanalista

Maria Luiza Vargas

Acadêmica do Curso de Psicologia

Resumo: O presente projeto tem como objetivo construir um dispositivo clínico-político junto à equipe técnica do Programa Liberdade Assistida, vinculado ao CREAS/SUAS do município de São José (SC). Esta demanda emergiu das profissionais que sofrem em seus corpos as violências de Estado testemunhada nos acompanhamentos que realizam junto aos adolescentes que estão em cumprimento de medida socioeducativa. Diante dos desafios enfrentados por estas profissionais sem seus cotidianos de trabalho, elaborou-se um projeto de extensão cujo objetivo é inscrever um lugar de fala e de escuta para os anseios, inquietações, estratégias e resultados alcançados em seus processos de trabalho. A partir da noção psicanalítica de dispositivo clínico-político, busca-se, por meio destes encontros grupais, instaurar um encontro com a alteridade de forma que o real de suas experiências sejam inscritas no registro simbólico. O dispositivo clínico-politico faz um giro nas escutas realizadas nas instituições que busca produzir um deslocamento nos assentamentos identificatórios e ideológicos que aprisionam e reduzem a potencia de vida. Por meio do manejo grupal, busca-se incitar as narrativas e produções coletivas que refletem e incidem em suas práticas cotidianas. No primeiro módulo focou-se no debate sobre a violência de Estado e como esta emergia nos atendimentos junto aos adolescentes; neste módulo,  o foco está em trabalhar a memória e afetos presentes na história daquele equipamento e na própria história singular de cada uma delas no SUAS. Nota-se que este espaço tem sido bastante significativo para as profissionais que atrelam a importância deste trabalho à saúde mental da equipe e à qualificação de suas práticas psicossociais dentro do LA.

Palavras Chave: Liberdade Assistida; violência; dispositivo clínico-político; Estado.

 

Publicações: 

 

Gomes, M.A; Mayorca, D.S; Vargas, M.L. A criação de um dispositivo clínico-político no programa Liberdade Assistida em São José (SC). Trabalho apresentado no II Seminário Internacional da ULAPSI, 2019. 

 

Vargas, M.L; Gomes, M.A; Mayorca, D.S; A criação de um dispositivo clínico-político no programa Liberdade Assistida em São José (SC). Trabalho apresentado no XX Encontro Nacional da ABRAPSO: A psicologia social frente aos autoritarismos, polarização social e crise sistêmica do capitalismo, São Paulo, PUC-SP, 2019. 

 

  1. Projeto de Extensão: Ateliê da Palavra: um dispositivo clínico-político para as pessoas em situação de rua

(2018-em andamento)

 

Equipe: Dra. Marcela de Andrade Gomes 

Professora do Departamento de Psicologia da UFSC

Lívia Maria Fontana

Psicóloga do Consultório na Rua (CRN/SUS)

Letícia Santos

Acadêmica do Curso de Psicologia

Beatris Badia

Acadêmica do Curso de Psicologia

Lucca Brambila

 

Resumo: O Ateliê da Palavra é um projeto realizado em parceria entre o grupo “Psicanálise, Políticas Públicas e Direitos Humanos”, o Consultório na Rua (SUS) e Abordagem Social (SUAS) e em como objetivo realziar atendimentos às pessoas em situação de rua da cidade de Florianópolis. Entendido como um dispositivo clínico-político, o Ateliê da Palavra busca dar um lugar de voz e acolhimento a estas pessoas que são sistematicamente reificadas e invizibilizadas pelos regimes sensíveis hegemônicos. Partindo dos conceitos de  transferência e testemunho, o Ateliê da Palavra busca dar um giro na escuta nas histórias de vida destas pessoas, servindo de testemuho às narrativas silenciadas e rechaçadas pela ordem vigente. Assim, o dispositivo se torna clínico na medida em que acolhe estas narrativas e político pois produz fissuras em regimes discursivos aprisionadores e excludentes que assujeitam os modos de vida das pessoas em situação de rua. Partimos do entendimento que é possível pensar em uma clínica territorialziada e implicada com as questões sociais quando se busca reiventar a psicologia para que esta possa ser acessada por pessoas historicamente segregadas e violentadas pelos regimes hegemônicos discursivos.  

 

Publicações: 

 

Cardoso, P; Fontana, L.M; Gomes, M.A. Ateliê da Palavra: a fala, a escuta e a escrita no trabalho psicossocial junto a sujeitos em situação de rua. Trabalho apresentado no XVIII Encontro Regional da ABRAPSO-SUL, 2018.

 

Gomes, M.A; Fontana, L.M. Ateliê da Palavra: um dispositivo clínico-político junto a pessoas em situação de rua na cidade de Florianópolis/SC. Palestra proferida no evento :Acompanhamento Terapêutico em debate: reinvenções clínicas”, UFSC/2019.

 

Badia, B; Brambila, L.M; Santos, L; Marillac, A.L; Gomes, M.A. Ateliê da Palavra: um debate metodológico sobre o trabalho junto à população em situação de rua. XX Encontro Nacional da ABRAPSO: A psicologia social frente aos autoritarismos, polarização social e crise sistêmica do capitalismo. São Paulo, PUC, 2019.